MANOEL MINERVINA GARCIA

 

MANOEL GARCIA: RENÚNCIA OU GOLPE?

“Uma inteligência moça para servir nosso jovem Município… Operário e exemplar chefe de família defenderá com intrepidez os interesses sociais dos trabalhadores, dando solução aos problemas da colônia”.

(Lema da campanha eleitoral de Manoel Minervina Garcia – Eleição de 1959).

 

 

 

 

 

 

Na primeira composição do legislativo sideropolitano de 30/10/59 a 31/10/63, sob o comando exemplar do Sr. Porfírio Feltrin, não houve turbulência política significativa na cidade, pois a maioria dos vereadores pertencia à Aliança Social Trabalhista, aliança essa que venceu as eleições municipais de 1959 nas duas casas. Zeferino Dagostin, vereador do PSD (Partido Social Democrático), eleito na primeira legislatura, declarou que a postura adotada por todos os vereadores era única no sentido de concretizar e fortalecer o município recém criado, trabalhando em sintonia com o poder executivo. No entanto, essa calmaria aparente não foi verificada no período eleitoral. Na propaganda eleitoral do candidato a prefeito da UDN (União Democrática Nacional), pode-se notar que houve, sim, uma grande disputa para conquistar os votos dos eleitores: “A UDN sente-se na obrigação de alertar todo o povo contra esses derrotistas que hoje estão mendigando votos e prometendo trabalhar pelo progresso desta terra. (…) O povo de Siderópolis saberá repudiar os aventureiros e traidores votando em Raulino Cesa“.

Em nível nacional, a UDN aglutinava forças para comandar o país de qualquer forma, conseguindo o seu intento em 31/03/1964 com o golpe militar. Imediatamente, após essa fatídica data para a nação, tudo que lembrava Getulio Vargas era ruim para o país, inclusive a intimidação clara contra os filiados do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e que tinha, em suas fileiras, o Sr. Manoel Minervina Garcia.

Manoel Garcia foi o primeiro prefeito eleito que comandou o município de Siderópolis. Governou durante quatro anos e duzentos e dezessete dias, no periodo de 01/11/1959 até 03/06/1964. Renunciou o mandato no sexagésimo quarto dia após o golpe militar de 1964, articulação essa muito desejada pela UDN local.

Na segunda legislatura da câmara municipal de Siderópolis, iniciada no dia 01/11/63 até 31/01/1969, houve a partir desse instante uma inversão de forças, ou seja, a UDN conseguiu eleger a maioria da bancada, ficando o prefeito à mercê das pressões de todos os lados. A alta cúpula da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), comandada pelos militares golpistas, pedindo que renunciasse ao cargo de prefeito, pressão psicológica exercida contra a senhora Lurdes, esposa do prefeito. E, finalmente, foi o único prefeito na história do município que enfrentou duas composições legislativas distintas, encontrando na segunda legislatura o vereador Raulino Cesa, seu adversário na campanha para prefeito.

Simplesmente colocar na história que o primeiro alcaide eleito em Siderópolis renunciou ao mandato é faltar com a verdade. Houve sim, uma tremenda conspiração, uma pressão muito forte contra ele e sua família para que renunciasse o mandato. Esse intento, oposicionista, foi tão devastador para o Sr. Garcia que o fez morar em outra cidade.

É de se lamentar que a cidade de Siderópolis, em especial a câmara de vereadores, ainda não tenha prestado uma homenagem póstuma significativa a esse personagem tão importante para o município. Lembrá-lo para sempre com o seu nome na principal rua da cidade onde se localiza o prédio da prefeitura, construído no seu mandato, seria uma homenagem mais do que justa ao ex-prefeito.

Se, para quem comandou a catástrofe ambiental em Siderópolis, todos já estão com seus “ilustres” nomes nas principais ruas da cidade, essa seria uma ótima oportunidade para prestar uma justa homenagem a quem, inicialmente, concretizou a estrutura administrativa organizacional do novo município.

 

 

 

Nilso Dassi – Licenciado e Bacharel em História

 

 

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